10 de novembro de 2010

Opinião


Pré-sal colocará Brasil na dianteira em energia, mas efeitos sociais ainda são desconhecidos
Especialistas defendem mais investimentos em fontes renováveis



A exploração do petróleo na camada pré-sal colocará o Brasil em uma posição privilegiada no cenário mundial em termos de energia, mas isso só vai se concretizar quando o país já souber o que fazer para que a população se beneficie da nova fonte de riqueza. O país também precisa cuidar do desenvolvimento de fontes renováveis e limpas de energia, pois em 20 anos o petróleo poderá não ser mais um fator crucial na economia global, como é hoje, segundo analistas ouvidos pelo R7.


O pré-sal é uma área de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, localizada abaixo do leito do mar, a uma profundidade de 7.000 metros. Essa área engloba três bacias sedimentares: Espírito Santo, Campos (RJ) e Santos (SP). De acordo com a Petrobras, o petróleo do pré-sal é de melhor qualidade do que o das outras camadas porque está numa reserva de alta temperatura e livre da ação de bactérias.

As energias renováveis são fontes inesgotáveis obtidas da natureza, como o sol, o vento, a água e a biomassa – produzida, por exemplo, a partir do bagaço de cana. O petróleo é uma fonte de energia não-renovável, assim como outros combustíveis fósseis – carvão mineral e o gás natural. Outra energia que não pode ser renovada é a nuclear (ou atômica).

Otimismo excessivo
Para o professor de relações internacionais da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Marília, José Blanes Sala, o Brasil fica "numa situação de muita vantagem", com a reserva de petróleo do pré-sal, porque passará a contar com uma garantia energética. Isso, porém, gerou um clima de "já ganhou" no país. Para ele, o Brasil entrou um pouco "na onda do governo, de um otimismo excessivo".

- É uma boa noticia, mas isso não significa que vai resolver todos os nossos problemas, porque a economia mundial é interligada. Não adianta achar que, porque encontramos o pré-sal aqui no nosso quintal tudo vai se resolver. O Brasil tem compromissos com outros países e com órgãos, como o FMI [Fundo Monetário Internacional], e tem com todas essas partes uma relação de interdependência.

O ex-presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) David Zylbersztajn, por sua vez, afirma que o Fundo Social que será formado com o dinheiro vindo da venda do petróleo é uma ação "puramente demagógica". Para ele, o governo não precisa de fundo nenhum para investir em educação, saúde, ele poderia já fazer isso com o dinheiro que ele arrecada hoje, "que não é pouco".

- O fundo em si é para dourar um pouco a pílula, mas não faz sentido nenhum em criá-lo em especial e ainda mais para daqui dez anos. Faz mais sentido pegar o dinheiro e aplicar nas áreas que são mais relevantes, fundamentais. [O governo] não faz isso porque não quer, mas já dispõe de todos os meios para fazer isso.

O coordenador da campanha de energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, já considera que o Brasil teria mais a ganhar investindo no desenvolvimento de tecnologias que utilizem energias limpas - solares e eólicas [que aproveitam a força dos ventos], por exemplo -, que vão ganhar mais espaço no mundo, e que poderiam se tornar uma especialidade do Brasil, gerando empregos no país.
 
http://www.administradores.com.br/informe-se/economia-e-financas/pre-sal-colocara-brasil-na-dianteira-em-energia-mas-efeitos-sociais-ainda-sao-desconhecidos/36629/

2 comentários:

  1. Acredito que o Pré-sal é uma solução advinda duma política de curto prazo na questão energética, pois desconsidera a necessidade cada dia mais iminente de redução da emissão de gases contribuidores do efeito estufa e, dessa forma, questões ambientais que exigem soluções imediatas voltadas ao longo prazo.

    Além de uma forma energética que demanda altos investimentos, os quais serão custeados em grande parte pelo governo, a promessa de que o lucro proveniente dessa forma de exploração energética, o qual comprovadamente é ineficiente para que o Brasil alcance uma posição que possa ser considerada de qualidade na educação, lembra mais a propaganda governamental do que efetividade de ação.

    Em verdade, o Brasil já é ineficaz na distribuição dos recursos para a Educação, além disso, cerca de 40 a 60% do dinheiro investido em iniciativas públicas se perde, seja pela "burrocracia", pela corrupção ou pela má aplicabilidade por parte dos responsáveis pelo processo.

    Assim, vejo as estimativas como dados falhos, desprovidos de fundamentação na realidade sócio-política-cultural do país e que exije investimentos que poderiam ser fomentadores de pesquisas e desenvolvimento de formas energéticas "limpas" de melhor desempenho e duração.

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  2. Seu comentário é muito valioso, pois remete a assuntos como a preocupação ambiental e a educação, ítens fundamentais para o crescimento saudável de um país.É importante perceber que novas formas de produção e extração de materiais que prometem alavancar lucros, não são necessariamente bons para a natureza ou a economia, pois podem trazer prejuízos não estimados e irreversíveis.

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